Pé diabético com necrose: o que fazer e qual o tratamento?

Enfermeira auxilia no tratamento de ferida de pé diabético com necrose

O pé diabético com necrose é uma das principais causas de amputação de membros inferiores no Brasil e no mundo.

Isso porque a infecção na ferida tende a evoluir rapidamente, devido à má circulação do sangue provocada pelo diabetes.

A seguir, vamos abordar o que você deve fazer em caso de pé diabético com necrose e como funciona o tratamento.

Sintomas de pé diabético necrosado

Alguns dos principais sintomas de pé diabético com necrose são:

  • Ferida com coloração preta;
  • Dor forte;
  • Inchaço;
  • Odor desagradável;
  • Pele fria ao toque;
  • Perda de sensibilidade;
  • Secreção de pus.

Se você sofre de diabetes e está com uma ferida no pé com algumas dessas características, procure com urgência uma clínica especializada em cicatrização de feridas complexas.

O que fazer em caso de pé diabético com necrose?

Pode parecer óbvio, mas o primeiro a se fazer nestes casos é entender que a ferida necrosada não vai curar sozinha.

É muito comum recebermos pacientes na Doutor Feridas com a ferida no pé em estado gravíssimo, pois demoraram a iniciar um tratamento efetivo.

Quando existe a necrose no pé diabético, significa que a infecção na ferida já está em um estágio avançado e tende a evoluir rapidamente, caso o paciente não mude seu estilo de vida.

Ainda assim, a infecção só poderá ser curada com antibióticos via oral, recomendados por um médico, associados a terapias tópicas eficientes.

O uso de pomadas antibióticas e soluções caseiras, por sua vez, só tende a piorar ainda mais a infecção, pois torna as bactérias mais resistentes ao tratamento.

Diante de tudo isso, a única saída para a cura do pé diabético necrosado é buscar ajuda médica especializada para iniciar o tratamento.

Diagnóstico de necrose no pé diabético

O diagnóstico do pé diabético com necrose é um processo complexo que envolve várias etapas:

1) Avaliação clínica

Tudo começa com uma avaliação do médico sobre o histórico do paciente, quais sintomas eles está sentindo e há quanto tempo a ferida está presente.

Em seguida, o médico realiza um exame físico minucioso, inspecionando visualmente o pé. 

Ele procura por mudanças na cor da pele, presença de feridas abertas, inchaço e qualquer odor desagradável que possa indicar infecção. 

Este exame detalhado permite identificar sinais visíveis de necrose e infecção, orientando os próximos passos do diagnóstico.

2) Exames de imagem

Para obter uma visão mais aprofundada do estado interno do pé, podem ser realizados vários exames de imagem. 

A radiografia (raio-X) é frequentemente utilizada para detectar alterações ósseas e verificar a presença de infecções nos ossos. 

Já a ressonância magnética fornece imagens detalhadas dos tecidos moles, permitindo avaliar a extensão da infecção e da necrose. 

E a ultrassonografia também pode ser usada para avaliar a circulação sanguínea no pé e detectar possíveis obstruções nas artérias. 

3) Exames vasculares

Os exames vasculares são fundamentais para avaliar a circulação sanguínea no pé diabético. 

O Doppler arterial mede o fluxo sanguíneo nas artérias dos pés e ajuda a detectar problemas de circulação que podem estar contribuindo para a necrose. 

Outra opção é o Índice de Pressão Tornozelo-Braço (ITB), que compara a pressão sanguínea no tornozelo e no braço para identificar a presença de doença arterial periférica. 

Em casos mais complexos, pode ser necessária uma angiografia, um exame que utiliza contraste para visualizar a circulação nas artérias e identificar bloqueios ou estreitamentos com maior precisão. 

4) Culturas e testes laboratoriais

Para identificar a presença de infecção e determinar o tratamento mais eficaz, podem ser realizadas ainda culturas e testes laboratoriais. 

A cultura da ferida envolve a coleta de amostras diretamente da ferida para identificar os tipos de bactérias presentes e determinar a sensibilidade aos antibióticos. 

Além disso, são realizados exames de sangue, incluindo a medição de glicemia, hemograma completo e marcadores de infecção como PCR e VSG. 

Esses exames fornecem uma visão abrangente do estado de saúde geral do paciente e da resposta inflamatória do corpo à infecção.

5) Avaliação neuropática

A avaliação neuropática é importante para detectar danos nos nervos, uma complicação comum em pacientes com diabetes. 

O teste de monofilamento avalia a sensibilidade tátil dos pés, ajudando a detectar neuropatia diabética. 

Durante este teste, o médico usa um monofilamento fino para tocar diferentes áreas do pé e verificar se o paciente consegue sentir a pressão. 

Este teste simples é fundamental para avaliar a função sensorial dos pés. 

Além disso, o exame de vibração testa a capacidade do paciente de sentir vibrações nos pés, utilizando um diapasão ou dispositivo específico. 

6) Avaliação do tecido

Em casos onde há dúvidas sobre a natureza da necrose ou a extensão da infecção, pode ser necessária uma biópsia. 

Este procedimento envolve a coleta de uma amostra de tecido da área afetada para análise histopatológica. 

A biópsia permite uma análise detalhada do tecido, ajudando a confirmar o diagnóstico de necrose e a determinar o melhor curso de tratamento. 

Este exame é especialmente útil em casos complexos onde a infecção não responde ao tratamento padrão ou quando há suspeita de outras condições subjacentes.

Como funciona o tratamento de pé diabético necrosado

O tratamento do pé diabético necrosado envolve uma série de ações que devem ser realizadas em conjunto para interromper a infecção e criar as condições para a cicatrização.

Antes de iniciar o tratamento é necessário verificar a circulação dos pés.

Isso pode ser feito com exames como a Angiografia, Doppler Arterial e o Índice de Pressão Tornozelo Braço.

Caso a circulação seja ruim, será necessário tentar a desobstrução das artérias através do procedimento chamado angioplastia.

Afinal, feridas sem irrigação sanguínea adequada não cicatrizam.

Feito isso, vem as etapas seguintes:

1) Remoção da pele necrosada e controle da infecção

Enquanto a infecção não for controlada, será impossível ter sucesso em qualquer tentativa de melhora no pé diabético.

Por isso, a primeira iniciativa deve ser remover o tecido necrosado, por meio de um procedimento conhecido como desbridamento de ferida.

Dependendo do estágio da necrose, o desbridamento pode ser realizado por um enfermeiro especialista com o uso de substâncias específicas que ajudam a “amolecer” o tecido necrosado e facilitar a remoção ou com o desbridamento instrumental conservador, caso a necrose não tenha atingido planos mais profundos da pele.

Mas se já estiver em estágio avançado, o desbridamento deve ser realizado por um médico capacitado, em ambiente cirúrgico.

Em seguida, é preciso eliminar de vez as bactérias do pé diabético. Para isso, é necessário o médico ministrar antibióticos via oral para o paciente, aplicar terapias tópicas adequadas e associar tratamentos adjuvantes como a terapia fotodinâmica e oxigenoterapia hiperbárica.

2) Controle da doença

Em paralelo a isso, será necessário adotar medidas assertivas para equilibrar os níveis de açúcar no organismo e, assim, melhorar a circulação.

Mais do que isso, o médico precisará fazer um diagnóstico completo do paciente, envolvendo não apenas a diabetes, mas também a identificação de outras possíveis doenças que estejam prejudicando a circulação.

Nessa etapa é preciso também fazer uso de medicamentos por via oral que ajudem a reduzir a inflamação e melhorar a circulação sanguínea.

Sem essas ações tomadas em conjunto, a ferida de pé diabético permanecerá aberta e passível de sofrer com novas infecções por bactérias.

O controle do colesterol rigoroso é outra medida essencial para diminuir a formação de placas de gordura nas artérias.

3) Uso de terapias tópicas adequadas

Em paralelo a essas medidas iniciais, outro ponto fundamental para a cicatrização do pé diabético com necrose é a escolha da terapia tópica adequada.

Nessa etapa o médico e/ou enfermeiro estomaterapeuta vai recomendar quais os tipos de curativos e tecnologias mais eficazes para as condições da ferida do paciente.

Devem ser utilizados, por exemplo, curativos não aderentes que ajudam a manter o meio úmido e, ao mesmo tempo, protegido da ação de micro-organismos.

Para isso, podem ser recomendadas as matrizes extracelulares (MEC) e as matrizes (TLC), dentre outras várias opções que o profissional especializado recomendar.

Sempre recomendamos também, nestes casos, o uso de dispositivos para evitar que o paciente pise sobre o local.

4) Terapias ajuvantes

Para acelerar ainda mais o processo de cicatrização, podem ser utilizadas terapias ajuvantes (associadas) ao tratamento principal.

Algumas delas são a terapia por pressão negativa (curativo a vácuo), laserterapia, ozonioterapia e oxigenoterapia hiperbárica.

A cada semana utilizado a terapia por pressão negativa, por exemplo, equivale a um mês de tratamento convencional, em muitos casos.

Alguns convênios médicos estão incluindo esse tipo de terapia em sua cobertura, justamente por entender que os custos são bem menores, se considerar a velocidade da evolução da cicatrização.

5) Cuidado nutricional

É fundamental também o paciente melhorar os hábitos de alimentação, evitando refeições gordurosas e com alto nível de colesterol.

Recomendamos ainda que insira alimentos anti-inflamatórios na sua dieta, sob a orientação de nutricionista com experiência em cicatrização.

Para auxiliar neste processo, existem diversos suplementos nutricionais que agem para auxiliar no controle da inflamação e também com nutrientes que contribuem para a regeneração da pele ao redor da ferida.

Seguindo esses cinco passos à risca, a absoluta maioria dos casos de pé diabético necrosado podem ser revertidos.

E quanto antes o tratamento for iniciado, maiores são as chances de o paciente voltar à sua vida normal, sem a necessidade de amputação do membro.

Qual médico procurar para o tratamento de pé diabético necrosado?

Nestes casos, é fundamental buscar profissionais que atuem em conjunto para a cicatrização da ferida, como o médico e o enfermeiro estomaterapeuta.

O médico vascular, por exemplo, vai ajudar a diagnosticar o problema circulatório e tomar medidas assertivas para controlar a doença o mais rápido possível.

E o enfermeiro estomaterapeuta é o especialista mais indicado para avaliar a lesão em si e recomendar o uso de técnicas, tecnologias e curativos mais adequados para promover a cicatrização.

Em clínicas especializadas em cicatrização como a Doutor Feridas, é possível ser tratado por profissionais multidisciplinares ao mesmo tempo, como médicos, enfermeiros estomaterapeutas, fisioterapeutas e outros especialistas.

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