As escaras, também conhecidas como lesões por pressão, são um problema de saúde comum entre os idosos, especialmente aqueles que passam muito tempo imobilizados.
Essas feridas podem causar desconforto e complicações graves se não forem tratadas corretamente.
A seguir, vamos ver os fundamentos de como tratar escaras em idosos, com medidas preventivas e cuidados essenciais para promover uma recuperação eficaz.
Como surgem as escaras em idosos?
As escaras são lesões na pele e no tecido subjacente que ocorrem devido à pressão contínua e prolongada sobre certas áreas do corpo.
Os idosos são particularmente suscetíveis a escaras devido à redução da elasticidade da pele, diminuição da circulação sanguínea e fragilidade dos tecidos.
As áreas mais comuns onde as escaras se desenvolvem são aquelas que estão em contato direto com superfícies duras, como o leito ou cadeira de rodas, e onde o tecido adiposo é escasso, como os quadris, cotovelos e calcanhares.
Como evitar escaras em idosos
A prevenção é a chave para evitar o surgimento de escaras em idosos. As estratégias mais eficazes são:
Mudança de posição regular
Quando uma pessoa idosa permanece em uma mesma posição por muito tempo, a pressão constante sobre áreas específicas do corpo pode resultar em danos à pele e tecidos subjacentes.
As escaras tendem a se desenvolver em regiões de proeminências ósseas, onde a pele está em contato direto com o leito ou superfície em que o idoso se encontra.
Áreas como o quadril, região sacral, cotovelos e calcanhares são particularmente vulneráveis.
A mudança de posição regular envolve alternar a pressão exercida sobre essas áreas, redistribuindo o peso do corpo.
Idealmente, os idosos não devem permanecer em uma mesma posição por mais de duas horas consecutivas.
Isso requer a atenção atenta dos cuidadores, familiares e profissionais de saúde, que devem implementar estratégias para reorganizar a posição do paciente.
A mudança de posição regular não apenas reduz a pressão sobre áreas sensíveis, mas também promove a circulação sanguínea saudável.
Quando o fluxo sanguíneo é obstruído devido à pressão prolongada, a falta de nutrientes e oxigênio pode levar à morte celular e ao desenvolvimento de feridas.
Escolha de superfícies confortáveis
É fundamental selecionar um colchão que possa distribuir de maneira uniforme o peso do corpo do idoso, minimizando os pontos de pressão.
Algumas opções são os colchões de espuma de alta densidade ou colchões de ar ajustáveis, proporcionando suporte adequado e reduzindo o risco de pressão excessiva sobre áreas vulneráveis da pele.
Na ausência de almofadas ortopédicas, use travesseiros para apoiar os pontos mais sensíveis como os quadris, cotovelos e a região sacral.
Além disso, a avaliação da necessidade individual do idoso em relação à superfície deve considerar fatores como mobilidade, fragilidade da pele e condições médicas subjacentes.
Controle da umidade
A umidade pode comprometer a integridade da pele, tornando-a mais suscetível a danos.
Idosos com incontinência têm um risco maior de exposição à umidade, o que pode agravar as escaras.
A pele deve ser inspecionada regularmente para detectar sinais de umidade, e o uso de fraldas deve ser acompanhado de perto.
O uso de cremes barreira pode ajudar a evitar o contato direto da pele com a umidade, criando uma barreira de proteção.
Nutrição balanceada
As escaras em idosos podem ser agravadas pela desnutrição, que afeta a capacidade do corpo de se recuperar e cicatrizar.
Por isso, manter uma dieta equilibrada, rica em nutrientes essenciais, é fundamental para promover a regeneração dos tecidos e a prevenção de novas feridas.
Idosos com escaras frequentemente necessitam de suporte nutricional específico para acelerar o processo de cicatrização.
Neste sentido, podem ser recomendados suplementos nutricionais desenvolvidos para promover a regeneração dos tecidos.
Hidratação constante
Quando a pele está desidratada, torna-se mais vulnerável a danos e lesões, incluindo as escaras.
Isso porque a falta de hidratação adequada compromete a capacidade da pele de se recuperar e cicatrizar.
Além de beber água suficiente, a aplicação de cremes hidratantes na pele ajuda a manter sua integridade e prevenir o ressecamento.
Como tratar escaras em idosos
Se uma escara já tiver se formado, cuidados adequados são vitais para evitar complicações.
Aqui estão os passos essenciais de como tratar escaras em idosos:
Avaliação profissional
Recorrer a um profissional de saúde capacitado é o primeiro passo para compreender a gravidade da escara e determinar o curso adequado de ação.
Um enfermeiro estomaterapeuta, por exemplo, poderá avaliar a extensão da lesão, o estágio de desenvolvimento e o risco de complicações.
Essa avaliação criteriosa fornece informações vitais para a seleção de intervenções precisas e personalizadas às necessidades do idoso.
Além disso, a avaliação por um médico ajuda a identificar fatores de risco individuais que podem estar contribuindo para a formação ou agravamento das escaras, como doenças associadas que prejudicam a circulação sanguínea.
Limpeza cuidadosa
Ao limpar a área da escara, é importante evitar qualquer tipo de fricção ou esfregamento vigoroso, já que a pele danificada é particularmente sensível.
Deve-se utilizar soluções suaves e não abrasivas, como soro fisiológico, para minimizar o risco de lesões adicionais.
O uso de movimentos suaves, como tamponar a pele delicadamente com uma gaze ou um pano macio embebido na solução de limpeza, é recomendado.
Além disso, secar a área com toques suaves e não esfregar ajuda a prevenir o agravamento da lesão.
Proteção da pele
O uso de cremes barreiras protetoras é uma abordagem eficaz para criar uma camada de defesa entre a pele comprometida e fatores externos que podem agravar a lesão.
Esses cremes formam uma barreira que previne o contato direto da pele com a umidade, atrito e agentes irritantes, reduzindo assim o risco de danos adicionais.
Eles são especialmente recomendados para áreas em que a pele está mais suscetível à formação de escaras, como proeminências ósseas e regiões de contato constante com superfícies.
O uso regular desses cremes não apenas ajuda a proteger a pele, mas também auxilia na manutenção de um ambiente propício à cicatrização.
Curativos especializados
O uso de curativos especializados desempenha um papel importante na abordagem eficaz das escaras em idosos, garantindo a promoção da cicatrização, prevenção de infecções e alívio do desconforto do paciente.
A escolha do tipo de curativo depende do estágio da escara, localização da lesão e das características individuais do paciente.
Vamos explorar alguns dos tipos mais comuns de curativos especializados e suas aplicações práticas:
- Curativos de espuma: são altamente absorventes e são frequentemente usados em estágios iniciais das escaras, quando a pele está danificada, mas ainda não há úlcera aberta. Eles ajudam a manter a área limpa, absorvendo o excesso de umidade e exsudato.
- Hidrocoloides: são ideais para escaras que já evoluíram para úlceras abertas, ajudando a criar um ambiente úmido que promove a cicatrização, enquanto também oferecem proteção contra infecções.
- Filmes transparentes: são finas películas adesivas que permitem a visualização da ferida. Eles são frequentemente usados em estágios iniciais de escaras ou quando a ferida é superficial.
- Curativos com alginato de cálcio: para escaras com exsudato excessivo, os curativos de alginato de cálcio são uma opção, pois absorvem o líquido da ferida, auxiliando na limpeza e prevenção de infecções.
Tratamento de infecções
No processo de tratamento de escaras em idosos, os sinais de infecção devem ser prontamente reconhecidos e tratados.
A abordagem começa com a consulta a um profissional de saúde que avaliará a gravidade da infecção e prescreverá a terapia apropriada.
Geralmente, isso envolve a administração de antibióticos orais ou intravenosos para combater a infecção e prevenir sua disseminação.
Além do tratamento farmacológico, é importante adotar medidas para controlar a infecção localmente na área da escara, como a troca regular de curativos, utilizando materiais absorventes e antimicrobianos, conforme orientação médica.
Tratamentos associados para acelerar a cicatrização de escaras em idosos
Além do tratamento convencional, existem algumas terapias já validadas mundialmente e reconhecidas por acelerar a cicatrização de escaras.
As principais delas são:
Terapia por pressão negativa (curativo a vácuo)
Na terapia por pressão negativa (também conhecida como curativo a vácuo), um curativo especial é aplicado sobre a ferida e conectado a um sistema de vácuo.
Isso cria um ambiente controlado que ajuda a remover o excesso de fluidos e promove a circulação sanguínea na área afetada.
A estimulação do fluxo sanguíneo contribui para a oxigenação dos tecidos e a remoção de detritos, auxiliando na regeneração do tecido saudável.
Laserterapia
A laserterapia é outra opção não invasiva que tem sido explorada no tratamento de escaras em idosos.
Nesse método, a luz laser é aplicada na ferida, estimulando as células a produzir energia em forma de ATP, que é essencial para a cicatrização.
Além disso, a laserterapia aumenta o fluxo sanguíneo local, reduz a inflamação e acelera a formação de tecido novo.
Uso de oxigênio hiperbárico
O oxigênio hiperbárico é uma terapia em que o paciente respira oxigênio puro em uma câmara pressurizada.
Esse tratamento pode aumentar significativamente os níveis de oxigênio nos tecidos, favorecendo a cicatrização.
O oxigênio extra disponível na corrente sanguínea contribui para a formação de colágeno, que é essencial para a regeneração dos tecidos danificados.
Embora seja menos comum, essa terapia pode ser benéfica em certos casos de escaras.
A importância de uma equipe multidisciplinar para tratar escaras em idosos
O tratamento eficaz de escaras em idosos requer uma abordagem multidisciplinar.
Médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e nutricionistas desempenham papéis cruciais na prevenção, tratamento e recuperação.
Em clínicas especializadas, como a Doutor Feridas, equipes multidiscilplinares atuam diretamente na cicatrização, trazendo segurança e agilidade a esse processo.