Como tratar úlcera venosa: 8 passos que todo profissional da saúde deve saber

Médico faz bandagem em paciente para tratar úlcera venosa

Tratar úlceras venosas é um desafio comum enfrentado por profissionais da saúde que estão na linha de frente nos hospitais e Pronto-Socorros.

O tratamento adequado visa aliviar os sintomas, promover a cicatrização da ferida e prevenir recorrências. 

A seguir, abordaremos as principais estratégias de tratamento para úlceras venosas, com base em evidências científicas e melhores práticas clínicas.

Passo 1: Avaliação e diagnóstico preciso

O primeiro passo no tratamento das úlceras venosas é uma avaliação detalhada do paciente, incluindo histórico médico, exame físico e avaliação da ferida. 

É importante entender que, sem descobrir a doença que está por trás da ferida, será impossível ter sucesso no tratamento.

Portanto, durante o processo de avaliação, é preciso se concentrar em dois pontos principais: 

1) Informações que ajudem a levar ao diagnóstico da doença adjacente; 

2) Características físicas da ferida.

Para isso, é preciso obter informações detalhadas sobre doenças prévias, cirurgias, uso de medicamentos, histórico familiar de úlceras venosas e fatores de risco, como obesidade, tabagismo, sedentarismo e gravidez.

Em seguida, durante o exame físico, deve-se observar e avaliar as características da úlcera venosa, como tamanho, localização, profundidade, bordas da ferida, presença de tecido de granulação ou esfacelo, exsudato, odor e sinais de infecção.

Além disso, é importante examinar as extremidades inferiores em busca de sinais de insuficiência venosa, como edema, varizes, alterações na cor da pele e presença de dermatite

O tamanho da úlcera venosa deve ser medido com precisão utilizando régua ou dispositivo de medição específico. 

É fundamental registrar as medidas da ferida e documentar todas as características observadas durante o exame físico de forma sistemática e padronizada, para medir a evolução da cicatrização.

Neste processo de avaliação, o uso do Doppler vascular costuma ser útil na medição do fluxo sanguíneo nas extremidades inferiores, ajudando a identificar a presença de insuficiência venosa e a determinar a necessidade de tratamento complementar, como a terapia compressiva.

Em alguns casos, é recomendável o médico solicitar ainda exames laboratoriais para avaliar a função renal, níveis de hemoglobina e proteínas, além de culturas de tecido ou exsudato para identificar a presença de infecção.

Durante a avaliação, deve-se também considerar e descartar outras condições que possam apresentar características semelhantes às úlceras venosas, como úlceras arteriais e úlceras neuropáticas.

Exames complementares e a experiência clínica são fundamentais para realizar um diagnóstico diferencial preciso.

Passo 2: Limpeza e desbridamento da ferida

A limpeza adequada da úlcera venosa é fundamental para remover detritos, reduzir a carga bacteriana e promover um ambiente favorável à cicatrização. 

A utilização de soluções de limpeza suaves, como solução salina normal, é recomendada. 

O desbridamento pode ser necessário em casos de tecido necrótico ou fibrina na ferida, promovendo a granulação e a reepitelização.

Passo 3: Definição da terapia compressiva

Em conjunto com o tratamento da doença adjacente que está causando a ferida crônica, a terapia compressiva é considerada o principal pilar do tratamento de úlceras venosas. 

A aplicação de compressão nas pernas ajuda a melhorar o retorno venoso, reduzir o edema e promover a cicatrização da ferida. 

Diversos estudos demonstraram a eficácia da terapia compressiva na redução do tamanho da úlcera, acelerando a cicatrização e prevenindo recidivas. 

A escolha do tipo de compressão (bandagens, meias elásticas ou dispositivos compressivos) deve ser baseada nas necessidades individuais do paciente.

Alguns aspectos a serem considerados na seleção da melhor terapia compressiva são:

3.a) Avaliação da úlcera venosa: 

Antes de escolher a terapia compressiva, é importante realizar uma avaliação detalhada da úlcera venosa, considerando o tamanho da ferida, o estado do leito da ferida, o tipo e quantidade de exsudato e as presenças de infecção, tecido de granulação e esfacelo ou crostas, entre outros aspectos. 

Essas informações ajudarão a determinar se a úlcera está pronta para receber a terapia compressiva ou se é necessário um tratamento prévio.

3.b) Condições clínicas do paciente:

É fundamental levar em consideração as condições clínicas gerais do paciente ao escolher a terapia compressiva. 

Por exemplo, pacientes com doença arterial periférica grave podem ter restrições para o uso de terapia compressiva intensa, enquanto aqueles com edema significativo podem se beneficiar de terapia compressiva mais forte.

3.c) Nível de compressão: 

A escolha do nível de compressão depende do estágio da úlcera venosa e da resposta individual do paciente. 

Existem três níveis principais de compressão: leve (20-30 mmHg), moderada (30-40 mmHg) e alta (acima de 40 mmHg). 

A decisão sobre o nível de compressão deve levar em consideração o equilíbrio entre eficácia terapêutica e tolerância do paciente.

3.d) Tipo de terapia compressiva: 

Existem diferentes tipos de terapia compressiva disponíveis, como bandagens elásticas, meias compressivas e dispositivos compressivos adaptados. 

Cada opção possui características específicas em termos de elasticidade, aplicação, facilidade de uso e custo. 

É importante considerar a disponibilidade de recursos e a capacidade do paciente de aderir à terapia compressiva escolhida.

3.e) Acompanhamento e monitoramento: 

Independentemente do tipo de terapia compressiva escolhida, é essencial realizar um acompanhamento regular do paciente para avaliar a eficácia do tratamento, a tolerância à compressão e a evolução da ferida. 

O monitoramento contínuo permite ajustes na terapia compressiva, se necessário.

Passo 4: Terapia sistêmica

A terapia sistêmica deve ser conduzida por um médico, com o objetivo de controlar a doença adjacente.

Para isso, podem ser necessários anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) como ibuprofeno, naproxeno e diclofenaco, que ajudam aliviar a dor, reduzir a inflamação e promover o conforto durante o processo de cicatrização.

Em casos de infecção secundária da úlcera venosa, será necessário também o uso de antibióticos orais para combater as bactérias que estão impedindo a cicatrização. 

Além disso, alguns pacientes se beneficiam do uso de medicamentos antiplaquetários, como a aspirina, para melhorar a circulação sanguínea e prevenir a formação de coágulos. 

No entanto, a utilização desses medicamentos deve ser avaliada individualmente, levando em consideração a condição geral do paciente, histórico médico e possíveis contraindicações.

Em casos de comprometimento vascular significativo, devem ser indicados medicamentos vasculares orais, como pentoxifilina. 

Esses medicamentos ajudam a melhorar o fluxo sanguíneo, reduzir a viscosidade do sangue e promover a oxigenação adequada dos tecidos.

Passo 5: Terapia tópica

No tratamento de úlceras venosas, a terapia tópica desempenha um papel importante no controle da infecção, promoção da cicatrização e melhora do ambiente da ferida. 

Existem várias opções de terapia tópica disponíveis, e a escolha dependerá das características da ferida, das condições clínicas do paciente e da preferência do profissional de enfermagem. 

Os antissépticos são frequentemente utilizados para reduzir a carga bacteriana e prevenir ou tratar a infecção da úlcera venosa. 

Dentre eles estão soluções de iodopovidona, soluções de ácido acético, soluções de hipoclorito de sódio diluído e soluções de polihexanida. 

Em relação aos curativos, o hidrogel possui propriedades hidratantes e promove um ambiente úmido na ferida. 

Ele pode ajudar a reduzir o desconforto, melhorar a cicatrização e facilitar a remoção de tecido necrótico ou esfacelo, sendo especialmente útil em feridas secas ou desidratadas.

O alginato de cálcio, por sua vez, pode auxiliar na remoção de excesso de exsudato da úlcera venosa. 

Ele forma um gel quando entra em contato com o exsudato da ferida, o que ajuda a manter um ambiente úmido favorável à cicatrização, além de promover a hemostasia em úlceras com sangramento.

Já os curativos de hidrocoloide são uma opção popular para úlceras venosas devido à sua capacidade de promover um ambiente úmido e proteger a ferida contra contaminação bacteriana. 

Esses curativos são capazes de absorver o exsudato da ferida e formar um gel que auxilia na cicatrização. Além disso, eles são flexíveis e adaptáveis, o que permite sua aplicação em áreas de difícil acesso.

Também pode ser indicado o uso de filme transparente, que são curativos finos e semipermeáveis que atuam como uma barreira protetora contra agentes externos, mantendo a umidade na ferida e permitindo a observação da evolução da lesão. 

Os filmes transparentes são especialmente úteis em úlceras com pouco ou nenhum exsudato.

Passo 6: Escolha de terapias complementares

Além das abordagens mencionadas acima, outros tratamentos complementares podem ser utilizados para auxiliar no processo de cicatrização das úlceras venosas. 

Alguns exemplos são terapia de pressão negativa, laserterapia de baixa intensidade, ozonioterapia e oxigenação hiperbárica . 

Essas modalidades terapêuticas podem ser aplicadas de forma individualizada, considerando as necessidades e a resposta do paciente.

Passo 7: Suplementação nutricional

A suplementação nutricional desempenha um papel crucial no tratamento de pacientes com úlcera venosa, pois ajuda a combater deficiências nutricionais e a promover a cicatrização dos tecidos afetados. 

Existem hoje diversas opções no mercado com nutrientes importantes para a cicatrização como proteínas, vitamina C, ferro, zinco e outros.

Passo 8: Conscientização do paciente

Após a intervenção do profissional da saúde, a adesão do paciente será fundamental para o sucesso do tratamento.

Por isso, é preciso fornecer informações sobre a importância do uso contínuo da terapia compressiva, higiene adequada da ferida, sinais de infecção e autocuidado. 

Instruções claras sobre a aplicação correta de curativos e o seguimento das consultas médicas também são essenciais.

Deve-se incentivar o paciente a elevar as pernas regularmente para reduzir o inchaço e a pressão nas pernas. 

É preciso recomendar veementemente também a atividade física regular para a circulação adequada e a saúde geral, como caminhadas leves, natação ou ciclismo, se possível. 

O controle do peso é igualmente essencial, para reduzir a pressão nas pernas e melhorar a circulação.

Procure explicar ainda a importância do uso adequado de meias de compressão. Demonstre como colocar e retirar as meias de compressão, garantindo um ajuste adequado. 

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Esse é o passo a passo básico que deve ser seguido para um tratamento adequado de úlceras venosas nas pernas.

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  • Como avaliar uma ferida corretamente
  • Como escolher o melhor desbridamento
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  • Como escolher a melhor forma de compressão para as úlceras venosas
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